Entrevista no blog Babi Dewet

Entrevista para o blog da fofa escritora Babi Dewet!

Link original: http://www.babidewet.com/2013/03/27/entrevistando-carolinha-munhoz/

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Carolina Munhóz é um nome que você deve gravar. E não é só porque é minha amiga. Linda, estilosa, talentosa e muito dona do próprio nariz, Carolina é autora de A Fada e O Inverno das Fadas, nas livrarias de todo o país pela editoraFantasy – Casa da Palavra. Um dos principais nomes da ficção nacional, ela conta um pouco pro blog sobre sua carreira, fofocas literárias e um monte de coisa que você deveria saber!

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Babi Dewet: Qual a sua inspiração para escrever? BRINKS! HAHAHAHA (mas pode comentar algo sobre essa pergunta)
Carolina Munhóz: Tudo me inspira! Hoje mesmo me aconteceu um estalo criativo. Escrevendo uma cena do próximo livro me lembrei de um restaurante engraçado nos Estados Unidos que existe exatamente no lugar em que minha personagem estava. Aquele tipo de restaurante que você nunca veria uma fada de respeito sentada. Parei e pensei: por que não? Rendeu uma ótima cena.

BD: Você que é uma especialista em fadas poderia nos dizer por que a Sininho usa vestidos tão curtos? Ela é a periguete da Terra do Nunca?
CM: Você já tentou usar calças na Terra do Nunca? O clima de lá é pior que o do verão do Rio de Janeiro. Sério! Não sei como o Peter Pan consegue usar aquele colã apertadinho em um lugar tão quente. Como fadas são espertas usam roupas que condizem com o clima. Ela não tem culpa de ser mais curvilínea que a Wendy. Vestidinho curto é para quem pode, não para quem quer. =)

BD: Soube que seu próximo livro terá um programa reality show. Você acha que os pseudos do facebook vão ficar reclamando que nem fazem com BBB? Por que esse tipo de programa interessa tanto ao público (tanto para os que assistem quanto para os que não)?
CM: Eu sou uma pessoa viciada em reality shows e quando falo esse tipo de coisa todo mundo pensa: meu deus, ela gosta de BBB? Não é bem isso! Quem não assistiu aos primeiros BBBs? Sei que a maioria já até cogitou mandar vídeos. O que acontece é que muitos reality shows ficam trashs e perdem a graça, ou já nascem trash e só uma parte do público assiste, por isso a reclamação.
Eu sou viciada em reality shows que escolhem o melhor profissional de uma determinada área (modelo, chef, cabelereiro, estilista e até super herói) e os que seguem a vida de uma celebridade. Gosto deles porque me ensinam sobre outras áreas artísticas e mostram o dia a dia de pessoas que atingiram a fama e precisam lidar com ela. Acho incrível esse tipo de experiência.
Acredito que se o Feérica (nome do reality show do livro) existisse de verdade, seria o assunto mais comentado do mundo. Mais do que o Papa renunciando ou meteoros na Rússia, pois a gente sabe como o entretenimento costuma se expandir e se reproduzir assustadoramente mais nas redes sociais do que as notícias do mundo real. Vocês vão entender por que quando o livro sair.

 

BD: Ser escritora e trabalhar em uma editora ajuda ou atrapalha? Entender melhor como funciona uma editora contribuiu para escrever novos livros, e talvez até melhores?
CM:Existem os dois lados, como tudo nesse mundo. Ajudou muito, pois agora realmente conheço os três lados do mercado. Comecei como livreira, passei para escritora e hoje sei como é a vida de uma editora. Não posso reclamar de nenhum desses mercados porque você acaba percebendo o quanto todas as áreas se esforçam para fazer um livro dar certo. De fora é muito fácil culpar a editora ou o livreiro de algo, mas quando trabalhamos nesses ramos vemos todas as cobranças, cheques e riscos que eles lidam todos os dias. O mercado literário é complicado e você precisa estar ciente disso antes de entrar no jogo. Com toda essa visão, aprendi a controlar mais minha carreira e tento me organizar para dar os passos certos. Mas foi difícil ver que o lado de lá não é mais bonito que o lado de cá. É necessário muito trabalho para dar certo nesse ramo.

 

BD:Você mudou de vida por causa de amor. Foi muito difícil essa transição?
CM: Nem um pouco. Quando me formei na faculdade de jornalismo vi que não tinha mais nada me prendendo em minha cidade. Havia completado os estudos, não tinha um emprego fixo, já tinha feito tudo que podia para me destacar na carreira literária (pelo menos tudo o que se pode fazer morando em Campinas), não morava de forma fixa com meus pais (longos problemas familiares como em toda boa família) e meu coração estava no Rio de Janeiro com um certo rapaz. Adoro Campinas, mas a cena literária de lá é muito pequena e precisava me mudar para uma cidade maior. O fato de me apaixonar acabou facilitando ainda mais essa transição. Não me arrependo nem um pouco e hoje sei que não me apaixonei apenas por um carioca, também pela cidade maravilhosa. Aqui é minha casa.

BD: Seu ingresso no meio literário foi conturbado e cheio de bafafá. Como foi lidar com tudo isso e ainda se reafirmar como uma autora promissora?
CM: Essa foi a grande questão: para uma parte específica da blogosfera, eu “surgi” e ingressei no mercado literário do nada em 2011, mas minha carreira começou em 2009. Então, na verdade, meu ingresso no mundo de uma parte dos blogs é que foi conturbado, não no meio literário.
Comecei a escrever com 16 anos, mas publiquei “A Fada” pela editora Arte Escrita, em 2009 já com 20, após anos buscando uma editora como qualquer outro escritor. Passei o ano de 2009 e 2010 me dedicando à carreira e o que alguns não sabem é que durante esse tempo saí em veículos de imprensa, como Folha de São Paulo, Estadão, Disney e outros, e até a rádio Record de Londres. Também dei palestras em eventos do Anime Friends e da FILC. Trabalhei muito para atingir meus objetivos e usei o jornalismo ao meu favor, passando dias e mais dias mandando pautas para redações. Investi primeiro na mídia off-line do que na online.
Chegou que no ano de 2010 vi todo meu esforço dar resultado: fui destaque em uma matéria da Revista Época como candidata a seguir os passos de sucesso das escritoras Cassandra Clare e Alexandra Adornetto. Nesse mesmo ano consegui contato com o escritor Paulo Coelho e o visitei na Suíça, realizando um dos grandes sonhos da minha vida. Até então a blogosfera não me conhecia, mas não se pode negar que o mercado sim. Só depois, no final de 2010, quando conheci o escritor Eduardo Spohr, que fui apresentada ao Raphael Draccon (meu futuro namorado) e o bafafá começou.
Em 2011 estava cansada de conseguir matérias sem fechar com uma grande editora. Resolvi tentar mandar meu material novamente e enviei para um contato na Novo Século. Duas semanas depois recebi um e-mail do editor-chefe me convidando para ser publicada pelo selo principal deles, pois ele já me conhecia devido à matéria da Revista Época.
A publicação na Novo Século aconteceu e fiquei em terceiro lugar dos mais vendidos da editora na Bienal do Rio de Janeiro, atrás apenas da PC Cast e da querida Alyson Noël. Em seguida recebi a notícia que “A Fada” tinha ganhado o Prêmio Jovem Brasileiro. Com tudo isso acontecendo, acabei chamando atenção de outras editoras e propostas foram feitas. Uma delas foi da Leya, que já me conhecia e acreditava no meu potencial. Logo fui apresentada também para a editora-chefe da Casa da Palavra, Martha Ribas, e nos apaixonamos, porque ela é uma completa fofa. Conheci uma equipe editorial muito legal e eles estavam de braços aberto para mim. Por que não arriscar?
Isso que muitos não perceberam: não fui publicada na Fantasy – Casa da Palavra por causa do Draccon, mas sim porque fiz coisas no mercado que chamaram a atenção dos editores do grupo Leya Brasil. Quando deram o selo para ele na Casa da Palavra, viram também minhas ideias e me ofereceram um contrato e um cargo na equipe. Claro que o Draccon sabia do potencial de “O Inverno das Fadas”, mas sabíamos que seria um risco para ele também. Respiramos fundo e tomamos a decisão de publicá-lo.
Aconteceu de ser reimpresso em duas semanas de publicação e de ser o segundo livro mais vendido do grupo na Bienal de São Paulo em 2012. Ele foi o livro mais vendido daquele ano na Casa da Palavra e só tenho motivos para estar feliz por devolver para a editora a confiança que ela teve em mim.
Claro que não foi fácil ler tudo que foi escrito ao meu respeito. Até receber ameaça de morte eu recebi. Mas tenho sorte de contar com o carinho de pessoas que querem meu bem e de nunca desistir de uma luta. Se hoje estou aqui é porque eu quis, batalhei e fiz.

BD: Você ganhou o apelido de “A fada”, que muitos usam como pejorativo, mas também pode ser lindo e positivo. Sendo assim, por que fadas? São seus seres fantásticos preferidos?
CM: É engraçado ser chamada hoje de “a fada” pelos leitores. Eu gosto porque me lembra de quando eu chamava o escritor Paulo Coelho de “o mago”. É realmente fofo, não é? Claro que em más línguas perde um pouco o charme, mas o pejorativo está na índole, não no termo. E é melhor do que “a bruxa”, certo?
As fadas entraram em minha vida de uma forma diferente. Eu não as escolhi. Acredito que fui escolhida. Em 2006 estava passando por uma forte crise de depressão, após a perda de um ser muito querido e não tinha mais forças para viver. Em uma noite pedi para que me levassem dessa vida ou me dessem uma luz, pois não aguentava mais as dificuldades do dia a dia. Nessa noite sonhei com uma fada muito linda e toda uma história de amor. “A Fada” então nasceu e com essa história a minha paixão por essas criaturas aladas que iluminam até hoje meus pensamentos e me tiram das trevas. Sou grata por ter conhecido seres tão incríveis.

BD: Nos conte como foi conhecer o Paulo Coelho! Quais autores você ainda quer conhecer antes do fim do mundo?
CM: Sempre fui maluca pelos livros do Paulo Coelho. Fui aquele tipo de fã que o defendia na sala de aula e lia Brida diversas vezes. Então desde meus doze anos tentei contato. Aconteceu que na milésima tentativa deu certo.
Estava em um mochilão pela Europa e resolvi mandar um tweet para ele. No dia seguinte quase morri quando encontrei uma DM me esperando com seu e-mail particular. Sério! Eu não conseguia respirar. Fiquei depois um dez minutos pulando pelo hostel gritando que o fucking Paulo Coelho tinha me respondido. Foi hilário. Os gringos não devem ter entendido nada.
Trocamos alguns e-mails e o Paulo viu algumas matérias que o tinham citado como meu exemplo de carreira. Acabou que ele ficou abismado como uma escritora do interior de editora pequena havia saído em tantas matérias e comentou que quando eu passasse pela Suíça era para dar um toque. Na época não consegui, mas fiquei com aquilo na cabeça. O Aleph saiu, li o livro na primeira semana e na hora resolvi que tinha que ir para Suíça. Então finalmente realizei um dos meus grandes sonhos e conheci esse sujeito incrível. Foi uma experiência de outro mundo.
Acho que até o fim do mundo, a lista agora envolve apenas a J.K. Rowling, Suzanne Collins, Dan Brown, Christopher Paolini, Neil Gaiman e George R. R. Martin. A gente tem de sonhar alto, né? =)

BD: Falando nisso, você achou que o mundo iria acabar ano passado? Tinha algum plano de sobrevivência?
CM: Eu não achava que iria acabar, porque muitos eventos precisam acontecer antes disso. A Terra ainda é novinha demais. Mas minha mãe me ligava toda semana perguntando se estoquei minha casa com comida e se estava lendo a palavra. Então vivi um pouco da sensação de fim do mundo.
Aqui em casa temos armas brancas como tonfas e nunchakus espalhadas, então com certeza o plano seria partir para a porrada. Isso, claro, se o fim do mundo vier através de zumbis ou ETs. Se não for, não tem graça.

BD: Como a Xuxa, você já viu duendes? Ou ETs?
CM: E quem nunca viu?

BD: Quem ganharia uma luta: um comensal da morte com a varinha quebrada ou um dragão que não cospe fogo?
CM: Putz! Acho que vou no Dragão que não cospe fogo. Ele ainda tem suas garras e tamanho. Os coitados dos comensais não são nada sem suas varinhas. Correriam para o rabo de saia do Voldie.

Cite um(a):
– cor: Preto
– lugar: Londres
– sentimento: Amor
– animal: Coruja. Tenho uma!
– amor: Dragão (tum tum tutz)
– chiclete: Bubbaloo de uva ou bolin frutas (era tão bom esse chiclete)