Resenha de “O Reino” pelo blog Drafts da Nica

Resenha de “O Reino” pelo blog Drafts da Nica.

Link: http://www.draftsdanica.com.br/2014/09/resenha-o-reino-das-vozes-que-nao-se.html

Nota: 4,5/5

DSC_0156

O Reino das Vozes que Não se Calam é o primeiro livro da autora Carolina Munhóz escrito em parceria com a atrizSophia Abrahão, bem como o livro de estreia da autora na Editora Rocco. Como toda primeira vez, não tenho dúvidas que Carol e Sophia estão bastante ansiosas para receber o feedback dessa história fantástica e real que ambas criaram.

Quem acompanha o blog, já sabe que eu adoro os livros da Carolzinha. Ainda que eles causem discórdia na blogosfera, entre lovers e haters da fadinha, confesso que a cada nova história publicada, a Carol me surpreende. O amadurecimento dela como autora é altamente perceptível.

Escrito a quatro mãos, O Reino das Vozes que Não se Calam traz uma mistura das experiências de vida das duas autoras. Por mais que Sophia Abrahão tenha dado entrevistas dizendo que ela tinha as ideias e que a Munhózcolocava no papel, como leitora antiga da fadinha, posso dizer que sim, temos bastante das duas nas páginas desse romance.

Em O Reino das Vozes que Não se CalamSophie é uma menina de dezessete anos, tímida, que vive à sombra de sua popular melhor amiga, Anna, e que tem que lidar com a perseguição dos seus colegas de escola. A jovem sofre com obullying exagerado, tanto dos amigos e dos pais, em relação à sua magreza. Ainda que ela se alimente, ela não consegue engordar. Para piorar, ela tem que lidar com as piadinhas de mau gosto, o cuidado excessivo dos pais e uma diretora casca grossa.

Até que em uma noite, depois de uma humilhação daquelas, numa festa de colegas da escola, Sophie descobre um mundo mágico, onde todas as pessoas a amam e aceitam, do jeitinho que ela é. O Reino das Vozes que Não se Calamé um lugar diferente, muito colorido, com animais encantados e uma família pronta para lhe dar todo o amor do mundo. Mas, será que a menina seria capaz de abandonar seus pais? Para sempre?

Porém, no meio dessa jornada de (re)descobrimento, Sophie conhece Léo – um menino fofo, lindo e meio nerd como ela, que tem uma banda de rock – e Mônica (ou Nica!!!! <3) – que se torna uma grande amiga e conselheira. Tanto ele quanto ela, são personagens secundárias, mas essenciais. Ainda que o foco do livro tenha sido na Sophie e seus “dramas” e batalhas pessoais, vai ser impossível o leitor não se conectar com Léo e Nica, não reconhecer um deles – ou os dois – no seu próprio grupo de amigos.

Como eu já comentei ali em cima, podemos perceber muito de ambas as autoras nessa história. Não é de hoje que sabemos que Carolina Munhóz teve que lidar com alguns tipos de bullying ao longo da sua adolescência. Sophia Abrahão também, por ser bem magrinha, sofreu poucos e boas na época da escola. Aliás, foi impossível não imaginar a Sophie como a própria Sophia. rsrs

De forma natural, Carol e Sophia nos apresentam um tema em evidência nos dias de hoje: o famoso bullying. E ele pode vir de onde menos esperamos, pode ser sobre nossa aparência, sobre nossa capacidade intelectual ou esportiva, sobre nossa opção sexual… e por aí vai. Não existe limite e nem controle quando se quer magoar, ofender alguém, seja por uma deficiência, por uma escolha ou por genética.

Normalmente, quem já sofreu isso sabe, a tendência é se ocultar, se fechar em seu próprio mundo. *Olha a ex-Olívia Palito aqui, gente! hehehe* No caso de Sophie, ela se sentia sugada, durante o sono, para O Reino das Vozes que Não se Calam. A combinação entre o real e fantasia é um dos pontos fortes deste livro. No começo, as autoras não nos dizem ao certo o que é esse Reino e nem se ele de fato existe.

Mas, não pensem que a trama se prende somente ao bullying sofrido pela protagonista. Como toda ação, ele desenvolve uma reação. Algumas pessoas tendem a criar mundos, outras se tornam depressivas, outras agressivas… Sophia e Carol chamam a atenção para todas essas coisas, nos fazendo perceber a fragilidade e, ao mesmo tempo, a capacidade de dar a volta por cima que o ser humano tem. De se reconhecer, de se redescobrir. Principalmente, quando amparado por pessoas verdadeiras e que se importam.

O Reino das Vozes que Não se Calam é um livro simples, delicado e, ao mesmo tempo, muito intenso. Vale a pena ressaltar o trabalho da Editora Rocco na capa. A diagramação e a revisão estão lindas e impecáveis também, tornando a leitura prazerosa e nada cansativa.

Com uma narrativa daquelas que vai nos deixar horas refletindo sobre a história e sobre nossas próprias experiências, Carolina e Sophia começaram muito bem, num misto eficiente de vida real e fantasia.