Resenha e sorteio de “O Reino” pelo blog Murmúrios Pessoais

Resenha e sorteio de “O Reino” pelo blog Murmúrios Pessoais.

Link: http://murmuriospessoais.com/resenha-o-reino-das-vozes-que-nao-se-calam-carolina-munhoz-sophia-abrahao-editorarocco/

Avaliação4.0

O Reino das Vozes que Não se Calam (Rocco) é o quarto livro de Carolina Munhóz, e o primeiro que escreve em parceria (com a atriz/cantora/ex-Rebelde Sophia Abrahão). A Munhóz eu já conhecia, ela traz em seu currículo os livros A FadaO Inverno das Fadas e Feérica, mas confesso que, por incrível que pareça, até então não fazia ideia de quem era Sophia Abrahão. Descobri que a moça tem um fandom gigante e bem apaixonado, os tirulipos. Logo que saiu a notícia de que escreveriam um livro juntas, a promessa era que mesclariam os “mundos” das duas: escrita os tirulipos. Então, não sabia muito bem o que esperar.

O bacana é que me surpreendi, porque esperava um livro muito menos denso do que O Reino das Vozes que Não se Calam é. Pensei que seria uma leitura leve e com situações amenas, mas nada disso. Nas entrelinhas percebi questões sérias tratadas com o devido cuidado. Gosto de pensar que a literatura jovem pode passar algo mais que diversão quando vista sob uma ótica mais apurada. Temas como bullying, depressão, suicídio, transtorno alimentar e outros são abordados sem camuflagem de palavras.

Mas calma que nem só de assuntos pesados é feito o livro. Tem a parte mágica e bonita também, que é representada pelo Reino encantado, seus seres fantásticos (um gato que fala, uma guardiã, fadas, sereianos, toda uma realeza etc) e os tirulipos. O mundo real também revela as suas surpresas boas (em menor escala) por meio dos amigos (parte deles) e pais – apesar da mocinha não perceber.

Na verdade, essa diferença delineada entre o mundo fantástico e o real é a tensão maior que Sophie tem que encarar. Afinal, escolher entre um mundo no qual você se sente amada e outro em que você se sente depreciada parece fácil, não? Mas será mesmo? É nesse momento que Sophie recebe a missão de resolver alguns enigmas, aqui representados por cartas de tarot, e assim fazer a sua escolha.

A narrativa da dupla Munhóz e Abrahão é bacana e faz referências à cultura pop em geral, seja através de músicas ou até mesmo personagens inspirados em outros que já conhecemos. A história junta tantos elementos pertinentes à realidade atual e aos jovens, que, com certeza, consegue atingir seu público-alvo. Afinal, qual jovem nunca se sentiu sozinho? Deslocado? Ou sofreu bullyingem algum momento? O Reino das Vozes que Não se Calam vem tentar mostrar um vazio que há em todos (em graus diferentes), mas também suprir esse vácuo com coisas boas, esperança.

Os personagens são bem desenvolvidos e trazem características próprias, marcantes. Destaque para Sycreth, Léo (garoto fofo, gente! <3), Mônica (muito divertida!) e a protagonista, que mesmo passando por situações difíceis não fica se fazendo de coitada. Pode parecer que ela “se esconde” num reino fantástico e “apenas” foge da realidade, mas Sophie demonstra ser forte em seu caminha de redescobrimento. Ah! E o dr. David! Gostei muito da abordagem psicológica também! Adoro livros que têm personagens do tipo, vocês sabem…rs São sempre fascinantes porque nos fazem ver coisas em nós mesmos.

A única observação que faço tem relação com um gosto pessoal mesmo. Preferi a vibe mais séria e concreta do livro, consequentemente, do mundo real, à do fantástico. De alguma forma, a impressão que ficou em mim é que o Reino e seus seus seres fantásticos se encaixaram à história e não que seguiu o fluxo natural, entende? Quando Sophie estava lá no Reino, onde tudo era perfeito demais, colorido demais, eu ansiava que ela voltasse logo pro mundo real mesmo e encarasse seus dramas. Ai, gente. Perfeição é uma coisa chata. (Vou levar a frase pra minha terapeuta, porque né? rs)

A parte gráfica da obra está belíssima. A capa é linda (aveludada – esqueci o nome que dá – e com verniz!) e a diagramação das páginas internas seguem o mesmo esmero, cheio de detalhes fofinhos. E… e… e… Rocco investindo em papel pólen. Dancinha da vitória. /o/

Por fim, O Reino das Vozes que Não se Calam é uma boa pedida para jovens em geral – tanto aqueles que querem apenas se divertir com a leitura, como também aqueles que precisam ter a certeza de que não estão sós. Há um reino dentro de cada um de nós e é de lá que retiramos nossas forças. :)

“Ninguém pode fazer outra pessoa feliz. Nós precisamos encontrar a nossa própria felicidade. Eu nunca achei que fosse digna de ser feliz. Esse sempre foi o grande problema.”

Título: O Reino das Vozes que Não se Calam
Autor: Carolina Munhóz & Sophia Abrahão
Páginas: 288
Editora: Rocco
Ano: 2014
Avaliação4.0