Entrevista para o site DAMMIT

Confira a minha entrevista para o site DAMMIT!

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DAMMIT entrevista: Carolina Munhóz, autora de “O Reino Das Vozes Que Não Se Calam” Bookly

Carolina Munhóz foi eleita a melhor escritora pelo Prêmio Jovem Brasileiro de 2011 por seu livro A Fada. Aos 25 anos, divide sua carreira entre o jornalismo e a literatura, onde já publicou quatro livros. É apaixonada por Harry Potter, integrante assídua do Potterish e aventureira de carteirinha. Se identificou? Você ainda não viu nada!

Na adolescência, Carolina escrevia fanfics para tentar driblar os problemas que insistiam em surgir em sua vida. Um belo dia, decidiu criar uma história original: assim surgiu A Fada, editado de maneira independente e publicado pela editora Novo Século. O livro foi um verdadeiro sucesso editorial e, atualmente, Munhóz é uma das autoras mais bem sucedidas no ramo do gênero fantástico no Brasil. Por conta de sua personalidade, conquista admiradores por onde passa e, nas redes sociais, está sempre tentando conversar e entender seus leitores. Resumindo? Ela é uma Fada que, por algum motivo desconhecido, se perdeu em nosso mundo.

Em 2013, foi agraciada com uma parceria com Sophia Abrahão, através da novela “Amor à Vida”. Depois de muitas conversas, decidiram escrever O Reino Das Vozes Que Não Se Calam[leia a sinopse aqui], que estreia o selo Fantástica da editora Rocco. O livro, publicado no segundo semestre deste ano, já é um verdadeiro sucesso nas livrarias. O trabalho das duas é minucioso, bem detalhado.  Durante a Bienal do Livro de 2014, o DAMMIT conversou com a autora para saber um pouquinho mais sobre o universo mágico de seus livros. Confira:

DMT: Conte um pouquinho mais dessa parceria com a Sophia Abrahão para o livro O Reino Das Vozes Que Não Se Calam. Como ela surgiu? 
CM: A parceria surgiu no ano passado. A Sophia leu o meu segundo livro,  Inverno das Fadas, na novela “Amor à Vida”. Nossa conexão surgiu a partir disso, pois eu já sabia que ela havia criado um mundo mágico com os fãs dela na internet. Eles realmente acreditam que vivem em um mundo paralelo, entende? Achei isso incrível. Então, conversei com ela. Nós sentamos, colocamos todas as nossas ideias no papel e depois ela me deu toda a liberdade para escrever a história.

DMT: Quando o livro ficou finalizado, a Sophia quis mudar algum detalhe? 
CM: Foram poucas coisas. Lembro da escolha de algumas músicas, pois, desde o começo, ela quis colocar coisas que tocassem os seus fãs. Ela fez um trabalho incrível em relação à obra, como na parte visual dos personagens. O melhor de tudo é que a nossa estrutura do começo ficou tão boa que, no decorrer da história, pudemos mudar alguns detalhes com tranquilidade.

DMT: Você já escreveu sobre a morte, a solidão e até mesmo sobre sexo. Como você seleciona esses temas ao escrever para um público mais jovem? 
CM: Eu fui uma garota que sofreu muito na juventude. Sofri bullying, tive depressão… tudo isso com 16 anos. Meus pais não me entendiam, a minha psicóloga achava que eu estava exagerando e as pessoas ao meu redor não conseguiam associar todos esses problemas. Qualquer pessoa pode sofrer, independente de qual seja o problema. Eu era uma pessoa muito sozinha, e foi através de Harry Potter que consegui me curar. Entendi o que era amor, o bem, o mal, o que era ter uma família, amigos. Então, quando comecei a escrever, quis passar isso para os leitores. Se tantos jovens estão passando por dificuldades, porque não falar sobre isso? Em Inverno das Fadas é possível ver essa relação da morte e o sexo. Os adolescentes estão vendo os seus ídolos morrem – como o ator de Glee e a Amy Winehouse – então porque não conversar abertamente sobre esses assuntos?

DMT: Então você acredita que, para algumas pessoas, escrever é como ter uma válvula de escape? |
CM: Com certeza. Escrever esvazia a mente e também é uma forma de ajudar o próximo. Sei como um livro pode mudar uma vida, então sou privilegiada por poder trabalhar com isso. É o caso da parceria com a Sophia… ela tem quatro milhões de fãs nas redes sociais, e alguns desses jovens nunca foram em uma Bienal, nunca leram um livro. Então, trazer eles para cá é muito gratificante. Se uma palavra ou uma frase minha puder ajudar uma pessoa, acredito que a minha missão como escritora tenha sido bem sucedida.

DMT: Em Inverno das Fadas, há muitas cenas picantes. De onde você tirou inspiração para escrevê-las? 
CM: Do meu dia a dia! [risos]. Eu também fiz várias pesquisas sobre algumas celebridades… eu estava tentando entender como era a vida delas, como elas se portavam. A parte do sexo, em si, pensei em trazer algo mais real para os leitores. Há vários livros que até falam das preliminares, mas, na hora H, pulam para outra parte… se hoje em dia meninas de doze anos ficam grávidas, porque não falar sobre isso? Não gosto de cruzar determinados limites, mas se posso fazer uma cena bonita de sexo, porque não fazer? Em Harry Potter, por exemplo, vimos ele beijar com dezesseis anos. Sério? Hoje em dia, as pessoas fazem muito mais do que isso com essa idade.

DMT: Por que literatura fantástica? Você já pensou em escrever um drama policial ou romance que se passe na vida real?
CM: Os meus livros possuem um pequeno diferencial… escrevo literatura fantástica, mas sempre há um personagem que está no mundo real. Há essa mesclagem, entende? Hoje em dia, por conta da literatura fantástica ter marcado a minha vida, não sei se conseguiria ‘largar’ esse mundo para escrever em outro gênero. Mas, um dia, pretendo explorar outros horizontes sim. Já até escrevi dois livros infantis!

DMT: Como você, Carolina, imagina uma fada? 
CM: Acredito que todo ser feérico possui uma boa alma. Ele está sempre disposto a ajudar, está sempre sorrindo. Por conta disso, acredito que existem fadas que passam por nossas vidas – são pessoas que marcam nossa história, fazendo a diferença. Conheci alguém assim com dezesseis anos. Pode ser o seu cachorro, a sua mãe, seu amigo, namorado… a fada pode ser qualquer pessoa que transforme seu mundo, tornando-o colorido.

DMT: Qual é a principal diferença entre Fui Uma Boa Menina e O Reino Das Vozes Que Não Se Calam
CM: Fui Uma Boa Menina é bem focado no Natal, então nós criamos um clima bem diferente. Todas as personagens também possuem algo depressivo, porque gosto de falar com essa galera que está passando por um momento difícil. A cada dia estou tentando crescer como escritora, então eu pesquiso mais, estudo mais e, principalmente, me aperfeiçoo mais. Meu objetivo é tentar melhorar sempre, por isso converso muito com os meus leitores.