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Redes sociais: uma das principais chaves do sucesso para quem quer ser escritor

Por Camila da Silva Bezerra

 

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Criar uma história, escrevê-la, editá-la e enviar para gráfica, que entregará o livro já pronto. Engana-se quem pensa que o trabalho de um escritor termina assim que a sua obra é publicada, pois é preciso fazer uma grande divulgação para formar um público de leitores. É nesse momento que as redes sociais se mostram uma ferramenta essencial para quem quer ver sua obra cair no gosto popular.

Caroline Munhoz que diga. A escritora de 24 anos passa entre 12 e 14 horas por dia em frente ao computador, divulgando seu último livro O Inverno das Fadas (Leya) no Twitter e no Facebook. O resultado? Lançado em julho, o trabalho foi para a segunda tiragem em duas semanas e já vendeu 10 mil exemplares. A obra fantástica, que conta a história de uma fada capaz de seduzir e inspirar os humanos, também foi a segunda mais vendida no estande da editora durante a Bienal do Livro de São Paulo.

Também autora de A Fada, livro que lhe rendeu o Prêmio Jovem Brasileiro como Melhor Escritora Jovem 2011, Caroline conta 13.600 livros vendidos em um ano, fato que só foi possível graças aos sites de relacionamento. “O impacto é grande, pois a maior parte do meu marketing foi feito on-line. Fizemos a votação da capa do meu segundo livro, O Inverno das Fadas, o que aproximou muito os leitores”, conta.

Assim como Caroline Munhoz, Tammy Luciano, autora de Garota Replay, também fez das redes sociais parceiras de trabalho. Nelas, a escritora divulga seus livros, responde às mensagens dos leitores e informa eventos. “A velocidade da rede social é animadora. Se eu aviso sobre um evento em uma livraria, tem leitor que responde no mesmo segundo: ‘Eu vou’”, diz Tammy, que já lançou quatro trabalhos e vendeu mais de 30 mil cópias no total.

“A divulgação no Twitter, Facebook e Instagram é muito importante, pois é a forma de contato direto que eu tenho com os leitores. Falo diretamente para eles e também tenho retorno imediato”, relata Paula Pimenta. O sucesso de sua série Fazendo meu Filme, que teve mais de 150 mil exemplares vendidos, fez com que Paula deixasse a profissão de publicitária.

Atualmente, a escritora dedica-se apenas a escrever e manter o contato com seus leitores. “A maioria do meu público é de adolescentes, e o adolescente é muito sincero. Quando não gosta de uma coisa, odeia. Quando gosta, ama. Então, eles são muito intensos comigo, recebo centenas de recados por dia e, nas sessões de autógrafos, me inundam de cartinhas e presentes”, diverte-se.

Babi Dewet ainda não sabe o número de cópias vendidas de seu primeiro livro, Sábado à Noite, mas tem plena noção de que as redes sociais foram fundamentais para que ela conseguisse entrar no mercado editorial. “Quando era autora independente, só podia realmente trabalhar com as redes sociais e os blogs. Para um autor que não tem espaço nas livrarias, é praticamente a única forma. Sem essas redes, as pessoas não seriam capazes de conhecer meu trabalho”, afirma Babi.

A jovem de 25 anos lançou sua obra de forma independente em 2010 e, ao atingir a marca de mil livros vendidos em 2011, assinou um contrato com a Novo Conceito. Mas mesmo com o respaldo de uma grande editora, ela continua divulgando o trabalho nas redes sociais. “Um livro não se vende sozinho em um mercado com milhares de livros sendo produzidos todos os dias. Os autores – e mesmo as editoras – precisam aprender o quão importante esse contato direto das redes sociais é para a divulgação”, garante.

A escritora Patrícia Barboza sempre gostou de literatura e escrevia pequenos contos e crônicas por hobby. Incentivada por amigos, ela decidiu se profissionalizar em 2000, mas não teve dificuldades para publicar seu primeiro livro, Os Quinze Anos de Carol. Então, Patrícia voltou para a internet, onde lançou uma novela teen.

Hoje, Patrícia faz questão de usar as redes sociais para estar sempre em contato com seus leitores, a fim de “tira aquela imagem de que o escritor é um ser distante, isolado numa ilha”. Essa proximidade com o público foi essencial na carreira da escritora, que publicou sete livros, soma 50 mil exemplares vendidos e ainda assinou contrato para uma série.

“O primeiro volume da série AS MAIS foi lançado em abril deste ano e, por causa do sucesso em poucos meses, tornou-se uma série inicialmente de cinco volumes. Durante a Bienal do Livro de São Paulo, em agosto, foi o 4º livro mais vendido da editora”,  comemora.

Além da divulgação nas redes sociais, Patrícia contou ainda com a ajuda dos blogueiros, que publicam resenhas, entrevistas e promovem sorteios dos livros e marcadores autografados. “Uma das maiores dificuldades do escritor, antes das redes sociais, era ter penetração nos meios de comunicação. Nunca foi fácil encaixar uma matéria em um caderno de cultura. Ou mesmo uma nota. Com as redes sociais, o escritor passa a depender menos desse canal. O escritor cria seus próprios canais e busca diretamente o seu público”, considera o jornalista Alessandro Martins, do Livros e Afins – blog que tem até 500 mil acessos por mês.

“Falar da leitura e dos livros é imprescindível, seja na escola, seja nas redes sociais, pois acreditar na importância da leitura, tornar o acesso aos livros algo mais simples e barato e promover a leitura nos diferentes setores da sociedade também é imprescindível”, finaliza a crítica e professora do Programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Presbiteriana Mackenzie, Ana Lúcia Trevisan.