Resenha de Feérica – Drafts da Nica

Resenha de Feérica no blog Drafts da Nica.

Link original: http://www.nicasdrafts.com.br/2013/08/resenha-premiada-feerica-carolina-munhoz.html

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Quando eu soube que a Carol lançaria mais um livro sobre Fadas e que pretendia abordar um tema que já foi – e, de certa forma, ainda é – sensação no mundo todo, os famosos Reality Shows, confesso que fiquei com um pezinho atrás. risos
Não que eu desconfiasse da capacidade da autora! Mas, cá entre nós, segurar um enredo desses e envolver os leitores não parecia ser tarefa fácil não.
Como assim, Nica? Simples. Reality Show, no geral, é o tipo de programa que você ama ou odeia. Raramente encontramos um meio termo. Eu acredito, inclusive, que Feérica vai causar o mesmo na literatura sobrenatural nacional. *Sem falar no número de realities que temos no momento, onde nada se cria e tudo se copia.* 
– Acha que é engraçado ser avisada que minha filha aprontou mais uma vez no colégio? – esbravejou a mãe. – Eu não gerei problemas, criei herdeiras para se tornarem seres evoluídos de respeito. Você faz as pessoas pensarem que na verdade eduquei bruxas.
O riso foi contido.

 

 – Mãe, você pariu uma filha com um tufo de cabelo violeta. Foi piada pronta.

Em Feérica, conheceremos Violet, uma fada super fashion e antenada, que adoooora o mundo dos humanos, que se sente deslocada e, de certa forma, perseguida em seu próprio mundo. Não posso deixar de dizer que essa é a personagem mais engraçada e tangível que a Carol já nos apresentou. Não tem como não se divertir com as trapalhadas de Violet no mundo real, ou sentir pena de suas crises existenciais, ou não se identificar com seus erros e acertos, suas quedas e reerguidas.

A autora conseguiu construir uma personagem carismática. Sim. Essa é a palavra. Ainda que seja uma fada, Violet nos faz perceber que pessoas – e fadas – são imperfeitas, que cometem erros, que tropeçam e levantam, que se apaixonam pela pessoa errada e, depois, pela pessoa certa… Ela, como muitas pessoas, busca o afeto da sua própria família e também o amor verdadeiro. Fácil se conectar com essa personagem, não? Porque, afinal, não é o que todos nós buscamos: afeto e amor?

Sem contar que nossa fadinha dos cabelos violetas percebe que, no fim das contas, humanos e seres “evoluídos” têm muitas coisas em comum. Que os problemas que seu mundo enfrenta, são bem semelhantes aos que os humanos enfrentam. Aliás, adorei a forma como a Carol criou essa outra dimensão, com animais estranhos e gigantescos servindo de transporte público, tecidos pra lá de diferentes, sem falar nas gírias super in e divertidas.

Violet percebe que não adianta fugir do nosso passado. Ele sempre vai dar um jeitinho de nos incomodar. O que adianta então? Aprender. Perceber onde falhamos, o que precisamos melhorar e… mudar! Não seremos perfeitos, não está disponível, como a própria fada violeta descobriu. Mas não podemos deixar nossa essência de lado para agradar aos outros ou, ainda, para mudar pelos motivos errados.

*Ai ai… resenha difícil essa, viu? São tantas coisas para falar que acho que não vou conseguir transmitir tudo o que deveria. Mas, vamos tentar terminar isso aqui sem soltar muitos spoilers e de maneira que vocês sintam vontade de se divertir com essa fadinha pra lá de gente boa… rsrsrs*

Não tem como negar que Violet é a personagem central.. Porém, a autora utilizou um recurso entre capítulos que deu MUITO certo e, pra mim, tornou o livro ainda mais dinâmico, nos fazendo conhecer mais a fundo a feérica. Então… só o que posso dizer é que… Dennis Papperman, você é o cara! hehehe

Outro recurso que já é característico da autora, que agrada a alguns e incomoda a outros, é a constante alusão ao mundo real através de citações de séries, filmes e artistas. Desde o seu último livro, Inverno das Fadas, Carolina nos mostra suas influências através de personagens ou situações. Eu não acho isso ruim. Nem mesmo quando ela usa os nomes verdadeiros dos artistas. Na minha opinião, ela acaba aproximando ainda mais os leitores de suas personagens… mas enfim… essa é só a minha posição em relação a esse tipo de recurso. =)

Ah! E para os amantes de um bom romance, Feérica também tem sua dose de fofura romântica… Mas não é o cerne do livro e, honestamente, dou graças a Deus por isso. Se a Carol tivesse dado mais atenção ao romance do que ao aprendizado e crescimento da fadinha, esse seu terceiro livro teria sido meio decepcionante.

Enfim… Carolina Munhóz conseguiu, mais uma vez, me conquistar com sua fada de cabelos roxos e personalidade marcante. Aliás, é incrível poder ver o quanto a autora vem se desenvolvendo a cada livro. O crescimento dela como escritora é bastante perceptível. Fico muito feliz e honrada em poder acompanhar o mesmo e ver, cada vez mais, sua estrela brilhar. =)

Parabéns também à Fantasy – Casa da Palavra pela diagramação e pela revisão impecáveis. A capa com o detalhe das asas ficou perfeito.